Oferecer uma educação de qualidade sempre foi desejo do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), depois de certo tempo viu-se a necessidade também desse ensino ser mais abrangente, pois a oferta do mesmo nas instituições federais era realizado de uma maneira muito parcial, atingindo um estrato muito pequeno da população brasileira. O alto grau de seletividade que caracteriza a entrada na instituição, além de outros fatores, contribui para configurar um ensino altamente elitizado, voltado para atender os anseios dos grupos socialmente privilegiados.
A entrada da modalidade EJA, na instituição tem por objetivo reverter esse quadro, essa modalidade se propõe a reparar, equalizar e qualificar, “a educação de jovens e adultos, possui como meta o resgate do sujeito na perspectiva da Cidadania” (Paiva), desenvolver todas as suas potencialidades humanizadoras, e não receber um simples treinamento para o mercado de trabalho. Essa nova maneira de ver a educação de jovens e adultos tem provocado debates bastante proveitosos, no IFES, um deles é a busca da construção de um currículo integrado para o Proeja, elaboração dos Projetos Pedagógicos dos Cursos do Proeja e a ampliação do mesmo.
A reflexão desenvolvida pelos profissionais envolvidos com o trabalho junto aos alunos tem contribuído muito para um processo de construção da EJA como campo pedagógico no Instituto Federal do Espírito Santo, colaborando para que a mesma seja compreendida como direito.
O grande objetivo é a superação dos voluntarismos pedagógicos e de uma visão que tem acompanhado a educação de jovens e adultos ao longo da sua história, associando-a a uma formação aligeirada e de baixo nível, ou seja, uma educação pobre para os pobres e como dito acima um mero treinamento para o trabalho. Para isso é necessário entender a educação como uma formação estruturante da consciência ativa dos homens significa assumi-la como pressuposto para a cidadania, não no sentido de mérito pessoal, mas sim no sentido de pertencimento e participação em todos os bens (sociais, culturais, econômicos e políticos) produzidos pela sociedade ao longo dos tempos e de desenvolvimento pleno de todas as potencialidades humanas.
Sabemos que os alunos da EJA quando chegam à sala de aula trazem consigo experiências, saberes e valores vividos em sua luta pela sobrevivência nas relações sociais, no mundo do trabalho e no seio da família. O currículo escolar deve representar um vínculo entre os conhecimentos prévios e a nova aprendizagem, por meio de uma relação substantiva e não arbitrária com o que já sabem.
Segundo Paiva (2004), se essa relação estabelece a aprendizagem se torna significativa. Nesse sentido, o currículo da EJA deve considerar os processos de aprendizagem, os conhecimentos vividos praticados pelos alunos na prática social, numa perspectiva de uma pedagogia crítica e pautada na concepção de escola como uma instituição política, um espaço propício a emancipar o aluno, contribuindo para a formação da consciência crítico-reflexivo e promovendo a autonomia dos sujeitos da EJA.
É preciso deixar de lado os velhos atributos depreciativos em relação os aspectos cognitivos desses alunos e reconhecê-los como jovens e adultos sujeitos de conhecimento e aprendizagem o que significa atuar em favor de uma prática fundada em concepções e princípios intensamente debatidos e derivados de profunda reflexão que busca a valorização e a inclusão desses sujeitos no processo ensino-aprendizagem, garantindo aos mesmos o direito de aprender.
Conforme pode ser visto foi conseguido muito avanços nessa modalidade de ensino dentro do IFES, porém há muitos desafios ainda a serem vencidos: integração entre as áreas geral e técnica e entre as disciplinas, as discussões em torno dos PPC’s avançou muito pouco, outro desafio é a revisão da forma de ingresso dos alunos nos cursos do Proeja. Atualmente é feita apenas uma prova de conhecimentos, sendo a mesma classificatória e eliminatória.
A idéia é diversificação do processo seletivo, de modo a atingir o público-alvo ao qual se destina o programa. Esse processo envolveria: palestra, aplicação de uma prova, análise de questionário sócio-econômico e entrevista. Como vemos o desejo de todos profissionais envolvidos é tornar claro que todos os jovens e adultos tem o direito de educar-se ao longo da vida, essa é a proposta da EJA. Se há desafios a serem vencidos, significa que há muito trabalho a ser feito.